FLORES ACARICIAM-NOS A ALMA.!

FLORES ACARICIAM-NOS A ALMA.!
Flores são as coisas mais doces que Deus fez, e esqueceu de pôr uma alma nelas. Henry Beecher....Imagem: by Dialektus

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Jardineiro

Muitas profissões me encantam como a de jangadeiro,
Mateiro, canoeiro, vaqueiro, pescador, cantador, violeiro...
Por suas peculiaridades, por suas realidades...
Em especial aprecio o trabalho do jardineiro por que
Cuida das plantas, das flores, da terra...
Conheci um velho jardineiro de um antigo casarão que,
Há anos e anos, tratava de um imenso jardim em frente
E ao lado do velho casarão de janelões e portas de castelo.
Um prédio do século passado de cor indefinida pelo
Desgaste do tempo... Lá morava um casal de idosos...
O jardineiro, seu Jarbas, andava sempre com um macacão
Azul sobre uma camiseta que fora branca, agora, encardida
Pelo uso prolongado... Ali, tudo é vetusto, só o jardim que não!
O jardim é florido, de folhas viçosas e movimentado...
Há o alarido dos passarinhos, os passeios dos calangos,
Os assobios melancólicos do seu Jarbas e os bizuns das
Vespas e besouros... Um tesouro a céu aberto!
Seu Jarbas tinha um intenso e prazeroso afazer:
Molhar a terra, remexê-la, adubá-la, podar as plantas,
Plantar e colher as flores para o casal de velhinhos
Vendê-las aos sábados na feirinha da cidade.
O jardineiro gostava das rosas, dos lírios, dos crótons,
Dos jasmins, das begônias e assim por diante...
Pude perceber que tinha um carinho especial pelas
Orquídeas... Eu o via sempre a contemplá-las, acariciá-las...
Parece que seu Jarbas até falava com elas...
Conversava sim com as orquídeas! Adulava-as...
Certo dia acerquei-me do seu Jarbas e papo
Vem, papo vai, perguntei-lhe:
- Seu Jarbas, por que sua predileção pelas orquídeas?
O velho sentiu o impacto: gaguejou, emudeceu, lagrimou...
Mas se refez. Pediu-me desculpas e arrematou:
- Com elas eu ganhei o grande amor da minha vida!
- Ofertei-as no “dia dos namorados” à minha pretendida!
- Ela sensibilizou-se com meu gesto e aceitou ser minha esposa...
- Pouco depois ela faleceu e foram-se os sonhos meus!
- Acredito que ela se tornou uma orquídea violácea...
- Por que seu Jarbas? Não poderia ser a flor da acácia?
- Não, meu filho, foi justamente a orquídea violácea que a ofertei
No “dia dos namorados”!
- E um dia ela me disse: - Quando morrer, Deus permita
Que me torne uma orquídea violácea para sempre
Estar bela, altiva e perfumada a seu lado
Meu único e eterno namorado!


Paulo Paixão

quinta-feira, 17 de maio de 2012

MAIO EMBRIAGADOR



Imagem by Aynur Kuyumcu

Maio… garrido Maio!
Maio perfumado!
Maio sensual e abençoado!

Maio vem vestido de alegria e colorido…
é o derramar de oiro das giestas
nos valados,
são pinceladas de verde
e o aroma da alfazema e do rosmaninho.
Maio abre uma janela à vida
que desabrocha em cada ninho.
É o pólen no ar
que o vento leva e traz
em constante torvelinho.
É a nuvem escura no firmamento
a espreitar a campina.
É uma bátega gorda e mansa
a espelhar a natureza.
É a dança das flores
no alto dos seus caules
desdobrando-se em beleza.

Maio…festivo Maio!
Maio embriagador!
Maio embalado por canções de amor!


Maria Emilia Moreira

" O Segredo é Amar "


Imagem by Aynur Kuyumcu

O segredo é amar. Amar a Vida
com tudo o que há de bom e mau
em nós.
Amar a hora breve e apetecida,
ouvir todos os sons em cada voz
e ver todos os céus em cada olhar.
Amar por mil razões e sem razão.
Amar, só por amar,
com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade
e ver, na própria sombra, claridade.
O segredo é amar, mas amar
com prazer,
sem limites, fronteiras, horizonte.
Beber em cada fonte
florir em cada flor,
nascer em cada ninho,
sorver a terra inteira como um vinho.
Amar o ramo em flor que
há-de nascer
de cada obscura, tímida raiz.
Amar em cada pedra, em cada ser,
S. Francisco de Assis.
Amar o tronco, a folha verde,
amar cada alegria, cada mágoa,
pois um beijo de amor jamais se perde
e cedo refloresce em pão, em água!


Fernanda de Castro

Do seu longínquo reino cor de rosa


Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de oiro acaricia.
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A seguir a criança principia.

E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas

Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.

(Fernando Pessoa)

FELIZ DIA DA ESPIGA



Imagem by Liz Collins

Fui ao campo colher o ramo
Para formar a minha espiga
Colho flores para todo ano
Sigo os passos da formiga

Fui para a seara bem cedo
Ainda bastante orvalhada
Na claridade do alvoredo
Fiz a espiga de alvorada

Juntei pão ouro e prata
Ramo de amor e vida
Azeite e paz luz à farta
Vinho e saúde pedida

Espiga com malmequeres
Papoilas e ramo de oliveira
Vou levar-to onde quiseres
Videira alecrim para a vida inteira
No DIA DA ESPIGA onde estiveres
...
musa

Imagem by Google

FLOR



Imagem by Aynur Kuyumcu

"Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre."

Paulo Coelho

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Arte de Ser Feliz

Imagem by Dialektus

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.